poro s/armarinho


para priscila risi, para carolina fonseca

babe,

fico pensando se não é a alucinação a justificativa daquilo que faltou de arte, se é que pode se justificar, se é que se pode chamar assim. só um prolongamento da sessão de cinema pra essa janela, esse som. fico pensando num bocado de coisa. e a cidade ao mesmo tempo também me atravessa de memórias, de um estranho estado. será que deve ser assim ser ovo? fico ouvindo e repetindo, belchior revolutions, belchior revolutions. será que escrevo diferente com aquela mata chiando, com esse corpo-cidade digitando de uma gambiarra que não deu certo, um acampamento? será que escrevo diferente sendo atravessada pela cidade, ou que esse dedo só, esse corpo sentado desse jeito, tudo isso, eu repito, tudo isso, junto. será que não é isso? amar e mudar as coisas me interessam mais. coisas reais. reais, babe? como?

*
Meu corpo que cai
Do oitavo andar

*

entre algum
goiás - plano piloto-pós-plano piloto
POSTOJOTAKRISTO
SENSUELEN
COCARI
UNIDADE CAMPO ALEGRE
CTG NOVA QUERÊNCIA



*

talho, fio e digo, cosendo e cortando, cosendo e cortando. muito sol me refresca o talho. o sol como curandeiro, cicatrizando a pele. cascas, restos, reutilizáveis. pó e desprezo varridos sem pá. revolvidos de terra. esforço nenhum quase só um carinho no cristalino para que se possa ver melhor a lua, nascendo por detrás daquela árvore que se põe como sombra naquela lua que nasce, depois de despontar, muito rápida, muito gema.



*

vigiava para não me deixar desendurecer. por isso, era depressa qualquer alucinação, pois as coisas tinham uma realidade onde não cabiam voltas, porque tinham uma bruta sonoridade, com uma grandeza de poesia que nunca acontecido densa que foi, por isso não era voltar. ou estou me confundindo que já vivi esse sertão na voz?

*

quando ecologizei, só bastou isso, não perguntar.

*

endurecer depressa
logo após cada despedida
virar pedra.     um pouco.
fortaleza
qualquer coisa acima do diafragma que enrijece e ajuda a seguir.
no umbigo, uma bacia de terra.

tempo de quaresmeira
e alguma cerca viva

uma palavra em diminutivo que se perdeu no chapadão do pasto e as mães se aguando os olhos e eu desejando o regador para a aridez da vida sem sentido, essa do ninho vazio.

ê boi.

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