entre as mãos o fluido ralo e me pergunto se é mesmo assim que vamos nos perdendo todos, sem cessar, no jogo da noite. tem um buraco no colchão, feito uma concha. me sobra ar. me falta ar. como rodear, rodear, rodear e não cair no mesmo lugar, diz uma voz dentro dos fones de ouvido. me cubro de medo com um lençol antigo queimado na ponta de uma brasa que caiu no passado. tenho vontade de pôr as mãos no balde, esse desejo de espessuras, líquido grosso. abololou tudo, embolou na panela que não consegui mais me mexer. fiquei jogada, perdida, no tapete espinhento escrevendo coisas na parede com lápis de cor. vamos, se levante, diz o dia. o relógio biológico. bio tônico dia dorim. os narradores nos ouvidos. o coração, vagabundo, sempre. espera, espera. chega dessa esperança. perdição. eu expliquei, bem clara, sem voz, com gesto, veja é uma abertura pra dentro, não pra fora. é uma concha pousada nos ouvidos, babe, tira o fone. vem ouvir. não não. venha não. fique aí. dois, três, quatro, uma multidão de perdidos. um sopro no talco e vuuuuuu, dispersão é assim.

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