ela me abriu as cartas pela última vez, antes de morrer. mandou eu mesma anotar o que estava por ser dito. como se me dissesse que dali em diante fosse eu a responsável pela escrita da história.
as palavras tem poder, filha, diz sem novidade.
olha as cartas do jogo e meneia a cabeça.
em seguida me olha fundo.
- não há você nesse jogo, filha. o que você está sentindo é pura ficção.
olha as cartas do jogo e meneia a cabeça.
em seguida me olha fundo.
- não há você nesse jogo, filha. o que você está sentindo é pura ficção.
talvez porque acreditasse ainda na verdade. talvez porque fosse esse o cacoete dos escritores: querer escrever a vida a seu bel prazer. ou mesmo porque eu acreditasse nas cartas até o fim. dali em diante era eu agora a responsável pela leitura das cartas, era eu a cigana. talvez sempre talvez, por isso mesmo ela beijou minha mão e não me disse mais nada. nunca mais.
porque eu acreditei no acaso. na invenção.
porque eu acreditei no acaso. na invenção.
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