um dos olhos
num movimento involuntário
vai e vem
num espasmo de lembrança

pressão alta,
apressado é meu coração, mar

desenho o vento na maré
que sobe quase calçada a fora

noves fora zero
um barquinho
vazio
no papel
mexe-remexe

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

navego num veleiro que amarro num fio condutor
navego nas pontas dos dedos


- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -


meneio as mãos
lenta e repetidamente
(quase louca)
relembrando
(com o espasmo dos olhos)
as ondas que o rio herdou do mar

micro-ondas

apressado é o meu desejo, mar
quando posso ver a correnteza a olhos nus
a nos levar.

- - - - - - - vou botando palavra no tempo para ver se vejo vento ----------------------

atravesso as palavras
sendo navegada por elas
pra vir o vento brisa
do fim de tarde

- - - - - - - - - - - - ----------------------------------------------------------------------

apressado é meu verbo, mar

que

quando a boca
é um poço
onde a outra deságua

posso saber
que fui foz

que não estive sã

que naufraguei
no corpo do outro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário