perdidas, na rede, encontro fotos antigas, organizadas em álbuns, com legendas, quadradinho por quadradinho. vou a procura de passado, com vontade de voltar pra muito longe, lembrar de tantas coisas que esqueci, lá. eu assisto as reviravoltas impressas na subjetividade daquela lente - hoje desaparecida - as recorrências. barcos de papel, ele ainda personagem, praieiras, tinta de urucum, bahia recém-descoberta, um centro histórico, eu, ali, perdida em diagonais. a cartografa diz e eu confirmo: existe um narciso-em-nós. navego com ele numa esquizo-análise. quero dizer, hoje, que não tem vara de medir. e que não se explica, mesmo, paremos já de dizer que sabemos quem somos nós, o que sentimos, como agimos. nos nomes não cabem todo o sentimento do mundo. não cabem nem sequer os meus. e a espera é o grande risco, o grande erro, essa esperança que os poetas tem de capturar o instante-já, um dia. a música vem e me ativa a memória, me entra pelas portas, frestas da cortina, pela janela de luz desta tela: evaporo
o guri bate na porta, entra, me pega pelas mãos e me puxa daqui. é tempo de amor, mamãe, ele me diz, com o gesto. e nele vejo o tempo, nítido, encorpado. difícil ser nuvem com ele sapateando no meu texto. foi assim que eu parei de correr, no tempo no amor, no amor do guri. 
a cartógrafa me indaga se parei mesmo de correr. eu digo sim. embora tenha esquecido meu nome quando voltei a ser nuvem e desaparecer, com o texto.
ciclo. 
ciclo. 
círculo. 
interrompo para cair num espiral. 
depois eu paro, porque é gostoso parar um tantinho, tem hora. parar, ouvir o silêncio e criar...
deixar o texto vir. 




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