abu acordou com olhos de marra. eu retribui com olhos de dengo. ele então sentou-se ao meu lado e me beijou a pele que brilhava do sol de ontem. ele me perguntou, com os olhos meigos, o que foi? eu apenas meneei a cabeça e voltei a me confortar, nua, na nossa cama de frutaberta. ele me beijou de novo e partiu, mais uma vez. e eu fiquei dormindo por horas a fio. acordei e pensei que ele não me pedia mais para ficar cinco dias, dez, para não ir embora nunca daquele ninho. e me levantei e parti com a roupa de ontem, sem deixar vestígios, embora todo mundo rua adentro me olhasse como se soubesse que eu tinha uma frutaberta. eu tinha uma imagem do meu corpo sob o de abu. uma só. mas no meu corpo estava a experiência, visível aos macroolhos. foi como se abu tivesse marcado minha pele, com os dentes. e de alguma forma eu tivesse pertencido a ele.
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