fiquei por horas dentro da canoa, letárgica, debaixo de dias muito cinzas, quase negros. eu dormia, quase sempre, quando a vertigem dos canoeiros não me tomava lá da praia e me fazia levantar para assisti-los.
só saí do balançou dessa lentidão, que já nem sei se se estendeu por dias horas ou meses, quando ogum me tirou do sono, batendo com o remo na canoa, me fazendo mover. morri de susto e levantei enfurecida pondo franzidamente os olhos nos dele, que não me fitavam. o canoeiro só me apontou a garrafa estacionada na beira da minha embarcação, assim, sem dizer nenhuma palavra, seguindo logo depois.
gritei pra ele, que ia lânguido, já longe, se afastando para o alto mar:
- vá acordar a mãe, galego! e sua língua? o gato comeu, foi?
- prefiro dormir e sonhar, me deixem em paz; dizia, já resmungando comigo mesma, que ninguém podia ouvir, ali, do mar. ainda dispersa, quando abri a garrafa - essa mesma que levam as mensagens oceano afora - tinha não uma mensagem, mas uma bronca de caioá pra mim:
acorde!
depois de um imenso falatório, velho conhecido, ele encerrava assim.
caioá estava lá num banco da avenida beira-mar, me olhando muito blasé, isso podia se ver dali e eu disse "cretino" e cochilei mais uma ou duas vezes, até começar ler a mensagem de novo e de novo que nem oração. e daí fui, aos poucos, remando, bem devagar, de volta pra beira.
só saí do balançou dessa lentidão, que já nem sei se se estendeu por dias horas ou meses, quando ogum me tirou do sono, batendo com o remo na canoa, me fazendo mover. morri de susto e levantei enfurecida pondo franzidamente os olhos nos dele, que não me fitavam. o canoeiro só me apontou a garrafa estacionada na beira da minha embarcação, assim, sem dizer nenhuma palavra, seguindo logo depois.
gritei pra ele, que ia lânguido, já longe, se afastando para o alto mar:
- vá acordar a mãe, galego! e sua língua? o gato comeu, foi?
- prefiro dormir e sonhar, me deixem em paz; dizia, já resmungando comigo mesma, que ninguém podia ouvir, ali, do mar. ainda dispersa, quando abri a garrafa - essa mesma que levam as mensagens oceano afora - tinha não uma mensagem, mas uma bronca de caioá pra mim:
acorde!
depois de um imenso falatório, velho conhecido, ele encerrava assim.
caioá estava lá num banco da avenida beira-mar, me olhando muito blasé, isso podia se ver dali e eu disse "cretino" e cochilei mais uma ou duas vezes, até começar ler a mensagem de novo e de novo que nem oração. e daí fui, aos poucos, remando, bem devagar, de volta pra beira.
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