tenho que escrever, mesmo que isso te soe uma necessidade de fabulação, disse a moça. tenho que escrever nem que seja pra rasgar depois. viver o ato do escrevimento; lembrar. o problema da leitura é esse, cada um tem a sua pausa para cada vírgula. viu, sim, estou confundindo tudo, misturando, recebendo as palavras que me procuram. mesmo que isso te soe involuntário demais, espontâneo demais, mesmo assim, eu procuro e sou procurada pelas palavras. eu me encontro com elas, que, ternas, me abriam, sim, é isso mesmo, me dá esse alívio deixar o pensamento solto sem que precise pensar no que isso soa a você, eu disse a moça. por isso vou continuar a narração desses afetos, essas fabulações de afeto; retalhados assim, no próprio corpo, que me desfaço e me refaço.

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