preciso me mudar um pouco de posição, esticar os joelhos, ficar no escuro, colocar o disco do amarante que não ouço há dias. - mamãe, você me dá alguma coisa pra comer
? me levanto prontamente e penso em todo trajeto que é isso, não é o espetáculo do teatro, embora tenha um certo ritual. é mais banal que isso, corriqueiro e vulgar e ah, vocês devem ter entendido, assim, por cima. não me digam que ouvir o disco do amarante não é interessante suficiente para o que se escreve aqui, não me patrulhe, leitor. eu tenho a liberdade total de estar aqui, falando alto, no endereço da minha escrita. eu conquistei esse lugar, essa força. não me falem de ingenuidade, barões, vocês conquistaram isso.
penso, por minutos, se agora desligasse a luz, por exemplo, do monitor, do touch.
será que alguém toca minhas palavras em uma tela? será que toco quem me toca? sou tocada por quem eu toco? será será será? será que isso tudo aqui torna menos solitário o escrever?
de repente tenho uma vontade enorme de transformar as pedras em correntes. uma voz circulando numa aldeia.
é, uma aldeia....
abandonar a saudade não poderia ser isso? desapego.
o que é da terra pra terra. viver o maior dos amores sem apego, por isso o maior dos amores.
o tempo e as coisas, anote ai, é um título de filosofia.
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