tudo bem que você se incomode, eu também me incomodo, disse, mastigando pedra. estou aqui pesquisando, tateando essas rochas, levando pra casa aquilo que me parece pré-didático. tudo bem, eu disse, tudo bem. engoli rápido e forte a fumaça. estamos perdendo tempo de conhecer outros becos, outras peles, ela disse e eu concordei. ficas vinte e quatro horas sentada nesta mesa, me diZ caioá a quem permito diZer tudo que pensa.

<br></br>

de repente alguma coisa parou de funcionar no meu teclado,
novamente tive a força de diZer,
finalmente entendi a coragem em um não diZer.
costurada fora toda aquela cicatriz, aquele relevo de palavras picotadas.
marina lima o dia inteiro para virar a página. que, no fundo, no fundo, somos todos sós, poetas. e a poesia é antes de tudo uma experiência, a ficção uma mentirinha.
não, eu disse a moça, não me fure com seu olho vodoo, esse olho alfinete. agulha. abotoadeira.

/interrompi o fluxo com a pedra, no dente, decidi não mastigar. tinha coisa que era assim. um troço rígido feito osso. falso trigo. falso pó.
nem tudo flui a cada teste.

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