armadilhas s/violão
it's a minimal head movement
to see the building with the blue sky
to take a deep breath
to feel happiness
ia me indo, depois de tanto navegar, na rebordose do balanço do mar, no retorno a casa. depois da chuva foi fazendo um céu muito azul, o sol que a gente precisava pra se proteger do que se escamoteava sob os nossos ombros, daquilo que só sabíamos dizer não sei.
foi quando de repente elas começaram a chegar. primeiro uma, tempos depois outra. e depois várias. mais de uma num só dia.
tinham muitas cores mas principalmente as laranjas. as ocres. as telhas. as borboletas me atravessavam o tempo todo. e diziam, não paravam de contar bons preságios.
eu não tive dúvida, só porque já era vitorioso por demais estar ali, vivendo a vida que tinha escolhido. eu tinha decidido pelo porto outra vez. e mesmo assim, nessa certeza, comecei a sussurrar secretamente novos desejos pro corpo da casa, pra casa do corpo. comecei a escrever presságios, cigana que era.
me desfiz das ancoras, essas que eu tinha aprendido desde moça a manejar, aquele jeito velho de sentir amor feito ele fosse posse. valia o amor, mas valia ali, tanto quanto, a liberdade da solidão; que era tudo que tinha.
abandonar o mar para viver de terra, de areia de litoral.
de achar de ser sertão também na babilônia. de fazer da babilônia um sertão.
ai ai ai -
e eram tantos, muitos, eram demais os perigos da vida, as armadilhas do ego do sexo do prazer da paixão. eram tantos que abri as janelas, acolhida, para ouvir um pouco só aquele violão, poesia de fim de semana, pedacinho de céu.
depois reforcei o teto que caíra com tanto tempo de abandono daquela casa que tinha sido minha uma vez. abandono que tinha sido feito só entre mim, entre muitas de mim, e todo o passado.
aí arranquei todo o mato, fiz jardim, teci agasalhos. compus sambas por ali. novos, novinhos. pra demorar de se cansar. pra demorar de se cansar de cantar.
- e elas ali, voando entre nós -
não tinha vestígio de qualquer passado.
quando os moços, os jovens moços ainda cantavam no longplay, pinguei mais uma gota de Qboa nos olhos
e fui, solta, desenrolar o tempo, o tempo do novo.
promessa de felicidade.
bocado de terra.
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