- perdi a coragem. enfraqueci. não quis dizer nunca mais, nunca. comecei a viver no silêncio, mastigando esquecimento. e o telefone nunca mais parou de tocar. e uma muda do outro lado da linha. comecei a escrever mais, botar palavra só no que não existe. de resto, fosse quanto não fosse, nunca diria realidades. perdi a coragem, doutor. tive medo de passar por qualquer outro terremoto. suave coisa nenhuma, doutor. eu já tinha muitas marcas. muita rachadura na pele. estava velha, velha de uma outra coisa que estivesse dentro.
- essa não é você.
- somos muitos, doutor, nessas vozes todas. e não somos ninguém.
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