o problema está na transitoriedade das coisas. essa velocidade que nos arrebata. por acaso alguém está são aí fora? a loucura é diagnóstico certeiro para a invenção. e essas palavras podem significar qualquer coisa e mesmo assim nada. e a morte está muito próxima do amor, porque é a transitoriedade da vida. e o amor também é assim, meu filho. provisório. sempre, sempre se deve aceitar a transitoriedade do amor. do contrário, é enlouquecer. vale de tudo esquecer, meu filho, mas você se lembrará de muito. e inventar todo o resto. procure, percorra as manchas brancas da memória, meu filho. nunca se acanhe em reinventar. a beleza não está na eternidade. apenas. somos feitos de ciclos, nunca eternos. o nunca, perceba. e a beleza do amor não está na sua eternidade, mas na sua provisoriedade. por isso o amor é um rastro. que este gesto se imprima na sua carne, na memória do seu corpo, quando só sobrarem de mim esses pedaços de textos. vontade de se eternizar, mamãe, que discurso contraditório é esse? não é razão, meu filho. estou falando no amor, no sorriso e na flor. que a primavera é sempre passageira. atravessa nosso corpo, não fica. se não no rastro, nos cacos da memória. por isso a vida deve ser essa serenata de adeus à própria vida, deve ser. e o amor vive de encontros e desencontros, morre-vive-morre-vive-morre-vive ininterruptamente. isso pode te parecer muito amargo quando conheceres invernos. mas é assim a vida; nem sempre é de açúcar. nem o amor. nunca a morte. não se acanhe com o inverno, meu filho. apenas se cubra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário