lindos eram os olhos de poesia de jorge. isso quando ele permitia tê-los. fortes eram os abraços de jorge, quando ele vinha inteiro. burras eram as dúvidas de jorge, quando elas o faziam paralisar. econômicos os gestos se eles vinham com medo de querer ficar. poderosos os beijos quando eram de explosão. pontiagudas as mordidas nas horas de gozo, quando se derrama sob o meu corpo, com barulho de mar. ávidos os olhos de desejo de jorge, se acaso acontecesse. tórridos eram os dias se a lua nascesse inteira e amarela sob o veleiro em alto mar. desencontrados eram os sonhos de jorge como um marinheiro que nunca tivesse tido um porto-mãe. jorge era difícil de se atravessar como um saveiro em tempestade. era assim, esse sobe e desce. esse nunca chegar. mas se chegava, lindos eram os olhos de poesia de jorge se meu corpo velejava, deslizava no dele, como se pudesse mergulhar, de peito aberto. vento forte era aquele canoeiro magro e robusto. um vento forte que deixava minha cama devastada quando da saudade. quando um buraco se abria na sua ausência dentro de casa, nas suas partidas sucessivas. tinha uma coisa de imprimir o passo pelos corredores dos cômodos que ficava a ressoar por dias. e imensos eram aqueles olhos de procura, a cada volta. mas sempre ruidoso, porque condicional. seu único risco era o mar.
por isso decidi partir.
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