Eu ficarei só 
como os veleiros nos pontos silenciosos. 
mas eu te possuirei como ninguém 
porque poderei partir.
vinícius de moraes





rosa estava pintando o barco quando caioá a encontrou. PRADIANTI, escrevia em letras verdes garrafais na ponta direita da proa. o amigo a observava de longe, como se a pudesse filmar. hábito que sempre antecedia suas chegadas surpreendentes na beira do cais:

- então se enamorou disso.
- nego!
- pra diante, lê alto e sorri.
- me enamorei de que?
- da partida.
- é uma herança do velho chico.
- trocaste de papel.
- com jorge?
- com os canoeiros todos, nega.
- você virou o moço dos diagnósticos ou que?
- estou apenas te lendo, minha amiga.
- essas nódoas me percorrem o corpo há muito, caioá. são tão antigas quanto este saveiro, que veio antes de mim.
- estou apenas te lendo, insiste
- são muitos os significados, mas a sensação é uma só. 
- qual?
- liberdade.




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