começou assim: nem dormir nem acordar. tudo junto misturado. eu me deito no trampolim e passo um bom tempo sentindo a fragilidade da prancha. posições delicadas do espaço. fui eu quem me coloquei aqui, digo assim para ela que chega sorrateira e me diz, com os olhos muito negros, a corda sempre arrebenta do lado mais fraco e este lado é o seu. rolo na prancha e me jogo no mar. gosto do impacto da queda, me vicio nesta folia que é se jogar. e mergulho fundo para não ouvir o que sei. que fui eu quem me coloquei ali. subo a escada do barco, me repetindo quase sempre e volto para o trampolim. tem quase sempre alguém no convés para me distrair do risco. mas quando amanhece, quando vem um vento de alvorada, eu sinto medo de nunca mais voltar, de me perder no turbilhão. 

2 comentários:

  1. se jogar de cabeça, corpo, partes... o impacto primeiro é até assustador, mas acho que faz parte da natureza nossa se viciar em tudo que dói um pouco, eterna sensação de transpor a barreira do desconhecido, já conhecido, esperando sempre uma novidade no próximo mergulho...

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    1. a pergunta roda, thiago. o que será, que será? a personagem me sopra: é feito estar doente de uma folia. fico com chico, a perguntar, no trampolim...

      http://www.youtube.com/watch?v=ahJ4dZgyTJc&feature=related

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