eu estava desacordada mas me lembro que abri os olhos e vi a cidade de salvador ficando pra trás - e eu dizia, sem saber o que estava acontecendo, me leve daqui, me leve pra longe - e a igreja do santo antonio além do carmo, ponto fixo do meu olhar, ia ficando pequenininha e era só uma árvore que compunha a imagem da praça de longe e depois os olhos foram fechando outra vez. 
eu acordei depois quando não era mais madrugada. não sabia o que estava acontecendo. tinha alguns hematomas, a boca cortada - eu podia sentir - a língua partida. o vestido branco muito sujo. 
reconheci aquele saveiro e jorge veio vindo devagar, agachou em minha frente e me acarinhou a fronte. jorge, eu disse com os olhos mareados... tome essa água, ele disse, e descanse, rosa. ele então se pôs ao meu lado e me enroscou nos braços que me faziam morrer de saudade, lá na beira. e eu perguntei, por que você demora sempre de voltar e ele me disse, sem novidades, porque eu sou do mar, morena. 





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