depois de algum silêncio
- acho que levei um murro.
- ah se eu pego esse ogum.
- o que você sabe dessa história?
- sei o que pedro me disse quando cheguei na beira procurando você.
- pedro não sabe de nada.
- duvido que você lembre de ontem, rosa. te encontrei quase morta.
- você tá me censurando?
- fico preocupado. só isso.
- não tens nenhum direito de chegar e já vir me censurando, jorge.
- odeio pensar que podes estar sendo vento na mão desses idiotas.
- jorge, quer parar?
- com o que?
- parar de me provocar.
- deixa essa brabeza de lado. (ri e me beija)
longa pausa para as sensações
- cê é uma pimenta rosa, nega. que arde, mas é doce.
- só você que sabe disso.
- duvido. e isso me traz um medo de te perder depois que só eu sei. só eu sei, nega.
- que medo que nada.
- cada dia mais braba.
- mas se tu me deixa sozinha lá na beira.
- não é assim, rosa. aprende que essa medida não me cabe.
- ai que eu amo te encontrar...
esqueço do papo e ficamos um lânguido tempo olhando o saveiro deslizar pelas águas
- eu cheguei achando que você estaria me esperando ali na beira.
- não pude.
- por que você está assim quieta?
- porque eu estou com vergonha.
- o que foi que aconteceu?
- eu só me lembro de chico me dizendo que eu preciso parar com isso.
- com o que?
- de me guiar pela maré. a maré do acaso.
- o que te passa?
- fico meio doida, nego. é um magnetismo que tem a ver com a maré. um troço que acompanha a lua crescendo. fico meio doida, nego. e só pra ti posso explicar o que é isso. um vento me atravessa e eu sei que coincide com a lua, com as marés. é um vento que vem do ocaso, cada vez que o sol se põe noite. fico rua, fico doida, nego. e vou pra vida de mãos dadas com o vento.
- que perigo, meu amor.
eu tinha arrumado briga na rua. jorge não me falou, mas eu tinha uns cacos de memória. era noite de samba e eu tinha bulido com um canoeiro amigo de ogum quando apareceu uma mulher barriguda e mais outra e mais outra reclamando posto,
e depois chico, no final da noite, me deu uma surra de palavras, que me doeu por dias.
foi assim, ferida e embriagada, que sai perambulando, me deitei na praia inicial e foi só lá, depois de muito andar, que jorge, recém-chegado e a minha procura, me encontrou apagada, me pôs no colo, me levou para o saveiro e botou o barco pra seguir.
navegamos até cachoeira depois que passamos horas nos amando no balanço do mar. foi quando jorge partiu novamente. sempre prometendo regressar.
- acho que levei um murro.
- ah se eu pego esse ogum.
- o que você sabe dessa história?
- sei o que pedro me disse quando cheguei na beira procurando você.
- pedro não sabe de nada.
- duvido que você lembre de ontem, rosa. te encontrei quase morta.
- você tá me censurando?
- fico preocupado. só isso.
- não tens nenhum direito de chegar e já vir me censurando, jorge.
- odeio pensar que podes estar sendo vento na mão desses idiotas.
- jorge, quer parar?
- com o que?
- parar de me provocar.
- deixa essa brabeza de lado. (ri e me beija)
longa pausa para as sensações
- cê é uma pimenta rosa, nega. que arde, mas é doce.
- só você que sabe disso.
- duvido. e isso me traz um medo de te perder depois que só eu sei. só eu sei, nega.
- que medo que nada.
- cada dia mais braba.
- mas se tu me deixa sozinha lá na beira.
- não é assim, rosa. aprende que essa medida não me cabe.
- ai que eu amo te encontrar...
esqueço do papo e ficamos um lânguido tempo olhando o saveiro deslizar pelas águas
- eu cheguei achando que você estaria me esperando ali na beira.
- não pude.
- por que você está assim quieta?
- porque eu estou com vergonha.
- o que foi que aconteceu?
- eu só me lembro de chico me dizendo que eu preciso parar com isso.
- com o que?
- de me guiar pela maré. a maré do acaso.
- o que te passa?
- fico meio doida, nego. é um magnetismo que tem a ver com a maré. um troço que acompanha a lua crescendo. fico meio doida, nego. e só pra ti posso explicar o que é isso. um vento me atravessa e eu sei que coincide com a lua, com as marés. é um vento que vem do ocaso, cada vez que o sol se põe noite. fico rua, fico doida, nego. e vou pra vida de mãos dadas com o vento.
- que perigo, meu amor.
*
eu tinha arrumado briga na rua. jorge não me falou, mas eu tinha uns cacos de memória. era noite de samba e eu tinha bulido com um canoeiro amigo de ogum quando apareceu uma mulher barriguda e mais outra e mais outra reclamando posto,
e depois chico, no final da noite, me deu uma surra de palavras, que me doeu por dias.
foi assim, ferida e embriagada, que sai perambulando, me deitei na praia inicial e foi só lá, depois de muito andar, que jorge, recém-chegado e a minha procura, me encontrou apagada, me pôs no colo, me levou para o saveiro e botou o barco pra seguir.
navegamos até cachoeira depois que passamos horas nos amando no balanço do mar. foi quando jorge partiu novamente. sempre prometendo regressar.
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