meses depois, Ogum apareceu lá na canoa e eu tive uma vertigem. imagens marítimas rebobinadas, a cigana me dizendo que era ele; a outra me falando que a canoa era um eterno vai-e-vem; o caboclo sussurrando que minhas mãos estavam cheias de letra; eu contando que foi um vento que passou e me derrubou.
Ogum vindo vinha e me olhou de um jeito que me bagunçou. saiu da canoa, empurrou até a areia, pegou uma mochila-trapo, me deu um beijo no rosto e me disse que achava lindo esse hábito de se sentar todo dia na beira-mar para olhar as canoas.
eu respondi que era um hábito de minha mãe, por causa de chico. sei, chico é teu pai, não é? sim, respondi quase num silencio.
por onde ele anda?
nunca sei.
ele sorriu luminoso e disse tchau.
Nenhum comentário:
Postar um comentário